
terça-feira, 24 de junho de 2008

- Miró era homem de hábitos peculiares. Quando trabalhou no quadro "A Fazenda", em 1921 e 1922, tinha uma forma especial de não deixar fugir as lembranças da casa de sua família: levava punhados de areia e de grama da propriedade para Paris. Nessa época, ainda em suas primeiras telas, Miró era um artista com fortes traços de realismo.

- Em Personagem atirando uma pedra num pássaro, Miró constrói a profundidade através da divisão do campo da pintura: um azul intenso, o céu, e um amarelo sobre fundo negro, a areia da praia e o mar escuro. O tema principal subdivide-se em dois desenhos, nomeados como personagem e pássaro. Ligados por uma linha côncava e interrompida, a ação dessas figuras vai sublinhar-se: a forma clara, a pedra, situada a meio caminho entre os seres redesenhados, recebe ênfase da forma negra, no canto esquerdo superior, e movimenta todo plano compositivo. Em torno dela, a profundidade da paisagem se deflagra: no amarelo intenso repousa a personagem, em primeiro plano; nele ainda, porém em suspensão, estão a lua, a pedra e o pássaro. Como um pano de fundo, as superfícies negra e azul estendem os segundo e terceiro planos.
- A partir de 1948, Miró mais uma vez dividiu seu tempo entre a Espanha e Paris. Nesse ano iniciou uma série de trabalhos de intenso conteúdo poético, cujos temas são variações sobre a mulher, o pássaro e a estrela. Algumas obras revelam grande espontaneidade, enquanto em outras se percebe a técnica altamente elaborada, e esse contraste também aparece em suas esculturas. Miró tornou-se mundialmente famoso e expôs seus trabalhos, inclusive ilustrações feitas para livros, em vários países.

- Em 1954, ganhou o prêmio de gravura da Bienal de Veneza e, quatro anos mais tarde, o mural que realizou para o edifício da UNESCO em Paris ganhou o Prêmio Internacional da Fundação Guggenheim. Em 1963, o Museu Nacional de Arte Moderna de Paris realizou uma exposição de toda a sua obra. Joan Miró morreu em Palma de Maiorca, Espanha, em 25 de dezembro de 1983.
- A partir de 1.967, Joan Miró introduz a cor na escultura. Assim, nas esculturas de bronze pintadas, o metal fica dissimulado debaixo de uma capa colorida. O que também impressiona na obra de Miró é a forma tridimensional que confere. A cor marca uma diferença entre cada componente da peça e o ponto de vista frontal impõe se aos demais.
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"A carícia de un pássaro (1967) (Bronce pintado-311 x 111 x 38 cm)"
quarta-feira, 18 de junho de 2008
- Miró na Unesco
Dois murais de cerâmica de Joan Miró compõem a decoração do edifício da Unesco em Paris. Os quadros, feitos sob encomenda por ocasião da inauguração do escritório, em 1955, medem 15 x 3 m e 7,5 x 3 m e renderam ao artista o Grande Prêmio Guggenheim, de 1958.
- A conquista da América
Em 1947, Joan Miró aceita um convite para trabalhar nos Estados Unidos. Sua missão era elaborar um mural para o Hotel Terrace Plaza, em Cincinnati. Essa experiência rende a Miró uma série de outros convites, como um trabalho para a Universidade de Harvard. Ele permanece em Nova York por um ano e, ao voltar para Paris, é recebido como celebridade.
- Quase tragédia
Miró e Max Ernst eram vizinhos de estúdio. Temeroso de que o colega pudesse espiar suas obras, Miró mantinha as telas viradas para a parede. Certa vez, Ernst e alguns amigos, todos bêbados, invadiram o escritório do catalão, revistaram seus quadros, um a um, e terminaram por amarrar uma corda ao pescoço do artista. Sóbrio, Miró conseguiu desvencilhar-se dos agressores. Passou três dias desaparecido e, na volta, continuou amigo de Ernst, a despeito da tentativa de homicídio.
- Ídolo de Hemingway
O escritor norte-americano Ernest Hemingway, autor de O Velho e o Mar, era fã de Joan Miró. Admirava não apenas seus quadros, como sua personalidade a um só tempo forte e afável. Hemingway propôs a Miró que aceitasse como pagamento por uma de suas obras algumas sessões de aulas de boxe.